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Livro conta a história da comunidade, desde o processo de remoção

  • Pedro Edson Constant
  • 23 de nov. de 2017
  • 2 min de leitura

"Coração Preso" é um romance de Valéria Barbosa, que conta a história de uma menina removida num caminhão de lixo

A partir de 1962 e até 1969, com a chegada das últimas famílias, aconteceu um imenso processo de remoção urbana na cidade do Rio de Janeiro. Grandes favelas, algumas com mais de 1.000 barracos, um elevado número para a época, foram removidas da zona sul carioca e da região central para a então distante e sem qualquer estrutura zona oeste, que veio se constituir logo depois na Cidade de Deus de hoje. Foram mais de 60 favelas removidas de repente, simultaneamente, sem qualquer preparo, para uma região sem condições para receber os novos moradores. Eram cerca de três horas de deslocamento da zona sul até a nova localidade. Inúmeras pessoas eram removidas nos caminhões de lixo. Antigamente, o trajeto também podia ser feito por uma barca, tamanha era a distância e a falta de vias adequadas para acesso.

“Coração Preso” conta a história de uma menina que foi no caminhão de lixo para a Cidade de Deus, oriunda da Favela da Praia do Pinto na zona sul carioca. Favela esta que também sofreu com um enorme incêndio nesse mesmo período de ameaça e efetivação de remoção dos moradores.

O livro trata das relações desses novos moradores, retrata também a grande enchente que ocorreu e na então Cidade de Deus e que matou muitas pessoas. Um trecho lembra que os moradores chegaram a desfilar na Marquês de Sapucaí sem qualquer fantasia, apenas com o surdo na mão, por ter perdido tudo na enchente, e que mesmo assim a escola foi rebaixada no desfile.

A menina que conta as histórias que viveu em todo esse período, é uma personagem que se confunde com a própria autora, pois Valéria Barbosa vivenciou tudo isso. Hoje, com 60 anos, chegou aos 13 na Cidade de Deus.

A menina de “Coração Preso”, vai aos poucos se libertando do incômodo que viveu. Daí surgiu quase que ao mesmo tempo, no mesmo ano de 2012, um outro livro da autora: “Os Grandes Mestres Guardiões da Cidade de Deus”, que traz a vida de várias personalidades que se destacaram na comunidade na época, dando suporte ao drama vivido pelos moradores, especialmente pelas crianças, como a personagem do primeiro livro.

“São mestres da comunidade. São pessoas comuns, mas muito importantes. São mestres de capoeira, jogadora de búzios, educadores, pessoas que guardaram a comunidade”, conta Valéria.

O primeiro livro é um romance quase autobiográfico, já o segundo, é fruto de um curso de extensão na Uerj e de um trabalho de monografia também.

A autora, que publicou os livros por conta própria, além de comandar o Jornal CDD Vive e ter um programa na web rádio local, ainda prestigia o projeto Poesia de Esquina na comunidade, tudo para que a história seja recontada e jamais esquecida.


 
 
 

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